O Mês de
setembro se aproxima e com ele o grande espetáculo e representação da ordem e
do patriotismo de nosso município, agentes e soldados aparecem nas escolas para
o que será um longo e tortuoso caminho, os ensaios da marcha de 7 de setembro,
uma verdadeira demonstração de que os resquícios da ditadura ainda está
entrelaçada nas veias dos Governantes belacruzenses.
Alguns
ideólogos positivistas defendem a marcha como sinal do resgate cultural, o
problema é que sem perceber estamos resgatando a cultura mais violenta do
Brasil que foi a Ditadura Militar, uma época onde a liberdade de expressão e as
manifestações populares eram caladas com cassetetes e gás de pimenta, bem se
percebermos realmente não mudou muita coisa.
As
manifestações em Junho foi a prova mais visível disso, Mas é preciso lembrar
que antes do movimento intitulado #OGiganteAcordou, minorias já eram recebidas
com cassetetes e gás de pimenta. Como não lembrar da última greve dos
professores em fortaleza, as manifestações no Parque do Cocó, as remoções
irregulares do Governo Estadual para as construções da Copa do Mundo, sem
esquecer de milhares de LGBT assinados no Brasil anualmente simplesmente por
tentarem exercer sua liberdade num País, machista, preconceituoso e homofóbico.
Voltando
para o resgate de nossa cultura, A Marcha de 7 de Setembro nada mais é que um resgate
da época da ditadura, um resgate que acredito que nenhum de nós queremos
lembrar, tirando claro a Prefeitura de Bela Cruz, que entra ano e sai ano
(entra governo e sai governo) e todos continuam com esta prática retrógada e
anti-cultural.
Existem
alguns mitos históricos no nosso país, começando é claro pelo nosso
“descobrimento”, vamos imaginar a seguinte situação: vou na sua casa agora,
digo a todos que descobri um novo lar e vou morar e explorar todos que residem
nela, exijo que todos vistam, comam, falem, dancem exatamente igual a mim, sob
pena de morte. Então? Gostou da ideia? Pois é, foi exatamente isso que
aconteceu aqui ha alguns anos.
Mas
deixando esse assunto de lado, vamos lembrar da Independência do nosso País,
segundo nossos livros de história (escrito por quem mesmo?) em 7 de Setembro de
1822 D. Pedro I as margens do rio Ipiranga, em cima de um cavalo branco, bradou:
“Independência ou morte”. Segundos alguns historiadores, começando pelo cavalo
e terminando pelo grito, nada disso existiu, foi tudo manipulado em nome do
heroísmo e da Pátria.
Para
começar a Independência do Brasil não foi conquistada, foi comprada por 2
milhões de Euros, isso mesmo, o Brasil tornou-se País já com uma dívida externa
de 2 milhões de Euros para a Inglaterra, pois Dom Pedro I “nosso herói” com
medo das manifestações populares e das pressões vindas de Portugal, e visando
continuar mandando nesse recente País proclamou a Independência do Brasil.
Como
educador, acredito neste debate em sala de aula, fazer os alunos refletirem e
criarem sua própria história, transformando a cada dia a realidade social em
que vivem, colocando por terra todo diálogo de manutenção da ordem e do poder
autocrático.
Enquanto todos os anos comemoramos nossa
independência, ainda vivemos com observáveis resquícios da ditadura militar,
prova isso é a insistência das escolas em levar nossos alunos a marchar nas
ruas como verdadeiros soldados. Talvez a palavra “robôs” se encaixe mais nesse
contexto. Claro é mais fácil formar robôs que cidadãos conscientes dos seus
direitos e lutando por eles, pois “eles” querem formar máquinas para o
capitalismo e não "vândalos conscientes", aliás, será que não seja
esse o papel da educação atual?
Enquanto lemos orgulhosos na nossa LDB – “A
educação tem o papel fundamental de formar cidadãos conscientes e críticos”,
nossos governantes estão mais preocupados em criar escolas técnicas, formando
assim mais massas de proletários para a construção desse império capitalista.
Não vejo em nenhum governo o interesse pelas
disciplinas humanas e já que foram inseridas através de muitas lutas na
educação, são ministradas por professores sem capacidades para o cargo, talvez
propositalmente, pois pensar é a única coisa que “eles” não querem aos nossos
alunos, pensar pode causar danos terríveis ao sistema instalado.
Voltando a nossa Independência brasileira, como
podemos comemorar algo que não aconteceu, é o mesmo que comemorar o aniversário
de uma criança que ainda está para nascer, sem nenhuma lógica. Enquanto nossos
alunos e professores marcham ouvindo aquele som irritante de tambores, nossa
educação continua a mesma da época da ditadura militar, aliás, não só a
educação.
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