Não tenho nada contra
homofóbicos. Eu, inclusive, tenho muitos amigos que são. O problema é que tem
uns homofóbicos escandalosos, que não conseguem ser discretos. Ficam dando
pinta que não gostam de gay, sabe? Tudo bem ser uma pessoa rancorosa e preconceituosa,
mas não em público. Entre quatro paredes e bem longe de mim, tudo bem. Nada
contra mesmo.
É impressionante o
quanto eles se acham no direito de ficar com pouca vergonha na frente de todo
mundo. Outro dia ouvi um cara dizer, em plena luz do dia e para quem quisesse
ouvir, que “gay é abusado, mexe com homem na rua mais do que homem mexe com
mulher”. Acredita? Mas já vi e ouvi coisas piores. “Tenho nojo de homem se
pegando” ou “essas menininhas que se beijam não são bissexuais coisa nenhuma,
só querem chamar atenção dos homens” ou ainda “te sento a vara, moleque
baitola”, e por aí vai. E se alguém critica, logo apelam para “ah, foi só uma
piada” ou “é a minha liberdade de expressão” ou ainda “está na Bíblia”. O
horror, o horror.
Ser homofóbico é uma opção, mas ninguém tem a obrigação de aceitar, né.
É muito constrangedor ver alguém olhando feio para duas pessoas do mesmo sexo
se beijando. Como eu vou explicar para os meus filhos que existe gente
intolerante? O pior é que nem na escola as crianças estão a salvo. Querem
ensinar nossos filhos a serem homofóbicos, imagina! Quando você percebe, já é
tarde demais: uma amiga minha foi chamada pela diretora porque o filho foi pego
espancando um colega no intervalo. Tudo porque o rapaz era gay. Minha amiga,
coitada, não aguentou a decepção de ter um filho homofóbico. Ela diz que é só
uma fase, que vai passar. Por garantia, levou o menino no psicólogo.
Acredite, homofobia tem cura. Soube de uns casos de conversão que
parecem até milagre. Em um dia, a pessoa estava lá, odiando gays, militando
contra o direito dos homossexuais ao casamento civil, fazendo marcha pela
família e tudo o mais. Mas com um pouquinho de empatia e bom senso, eles
começaram a ver que não tinham nada que se meter com a sexualidade dos outros.
E como o respeito é todo-poderoso e misericordioso, os ex-homofóbicos viram que
os gays eram boas pessoas e também mereciam os mesmos direitos. Hoje dão
testemunho de tolerância.
Agora, tão preocupante
quanto homofóbicos exibidos e sem-vergonha são aqueles que não se assumem.
Aqueles que não saem do armário, que se fazem de pessoas normais e sem ódio no
coração, mas que, no fundo, no fundo, também são fiscais de cu alheio. Pensa
comigo: você sai com uma pessoa dessas, sem saber da opção de ignorância dela,
e começam a pensar que você também é homofóbico, igual a ela. E todos sabemos
que homofóbicos são abominações, ninguém quer ser confundido com um deles. Além
disso, onde enfiar a cara quando eles resolverem se revelar e soltarem um
“odeio viado” assim, do nada?
Mas
não me leve a mal. Não tenho nada contra os homofóbicos, apenas não concordo
com a homofobia. Essa doença quase sempre vem acompanhada de outros preconceitos,
como o machismo e o racismo. É um caminho sem volta. Fico triste de ver tantos
jovens se perdendo nesse mundão de ódio gratuito. É por essas e outras que
prefiro ter um filho gay a um filho homofóbico. Ah, você quer saber se eu vou
aceitar e amar um filho que virar homofóbico? Como alguém já disse por aí, eles
não vão correr esse risco; vão ser muito bem educados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário