terça-feira, 26 de junho de 2012

Para mostrar o corpo tem que ter peito


Por Maíra Kubík Mano
Seios à mostra, tambores nas mãos, gritos feministas na boca. A manifestação ocorreu no dia 18/06 e foi umas das que mais chamou atenção na Rio+20. Fotos de mulheres seminuas, batizadas de “musas” da conferência global, abundaram a internet e os jornais. Há quem diga que houve até proposta para posar na Playboy.

O fenômeno não é apenas carioca. Na Marcha das Vadias, realizada recentemente em várias cidades brasileiras, lá estavam eles também, os peitos. E na Eurocopa, com as ucranianas da Femen. E contra a ditadura da magreza, em Milão. E criticando o ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn na França. Mamilos saltitantes, de todas as cores e formatos, tamanhos variados.
A pergunta que não quer calar é “o que raios elas pretendem com isso?”
Bom, para começo de conversa, elas querem delimitar o corpo como seu território. O corpo da mulher não pertence a nenhum homem – seja ele marido, namorado, pai, irmão, cafetão – ou nenhuma outra mulher. Tampouco é espaço de exploração coletiva, seja sexual ou imagética-mercantilista. O corpo da mulher não foi feito para vender cerveja, refrigerante ou pneu. E nem para ser traficado internacionalmente. Muito menos para apanhar, sofrer estupro ou qualquer outra forma de maltrato.
Pertence a ela mesma e a mais ninguém. Pode ser tanto levado desnudo para uma manifestação quanto ter sua reprodução controlada, a despeito (desculpem o trocadilho) do que querem o Vaticano e o documento final da Rio+20. Não precisa ser excessivamente magro, como nas revista de moda, nem sem rugas, como determina a lei do Photoshop. Muito menos branco, com cabelos escorridos, loiros e de olhos claros. Pode usar saia curta e decote e não ser responsabilizado por “provocar” qualquer reação. Não têm que comer alimentos transgênicos, consumir tudo o que a televisão manda ou comprar um determinado estilo de vida para ser feliz.
Quando a mulher tira a roupa é para dizer que ela pode. Ela está se empoderando, tomando para si o seu destino. Sentindo na pele a sua autonomia. Gritando para os quatro ventos que não se enquadra nos padrões atuais.

Nenhum comentário: