Por Maíra Kubík Mano
Seios à mostra, tambores nas
mãos, gritos feministas na boca. A manifestação ocorreu no dia 18/06 e foi umas
das que mais chamou atenção na Rio+20. Fotos de mulheres seminuas, batizadas de
“musas” da conferência global, abundaram a internet e os jornais. Há quem diga
que houve até proposta para posar na Playboy.
O fenômeno não é apenas carioca.
Na Marcha das Vadias, realizada recentemente em várias cidades brasileiras, lá
estavam eles também, os peitos. E na Eurocopa, com as ucranianas da Femen. E
contra a ditadura da magreza, em Milão. E criticando o ex-diretor do FMI
Dominique Strauss-Kahn na França. Mamilos saltitantes, de todas as cores e
formatos, tamanhos variados.
A pergunta que não quer calar é
“o que raios elas pretendem com isso?”
Bom, para começo de conversa,
elas querem delimitar o corpo como seu território. O corpo da mulher não
pertence a nenhum homem – seja ele marido, namorado, pai, irmão, cafetão – ou
nenhuma outra mulher. Tampouco é espaço de exploração coletiva, seja sexual ou
imagética-mercantilista. O corpo da mulher não foi feito para vender cerveja,
refrigerante ou pneu. E nem para ser traficado internacionalmente. Muito menos
para apanhar, sofrer estupro ou qualquer outra forma de maltrato.
Pertence a ela mesma e a mais
ninguém. Pode ser tanto levado desnudo para uma manifestação quanto ter sua
reprodução controlada, a despeito (desculpem o trocadilho) do que querem o
Vaticano e o documento final da Rio+20. Não precisa ser excessivamente magro,
como nas revista de moda, nem sem rugas, como determina a lei do Photoshop.
Muito menos branco, com cabelos escorridos, loiros e de olhos claros. Pode usar
saia curta e decote e não ser responsabilizado por “provocar” qualquer reação.
Não têm que comer alimentos transgênicos, consumir tudo o que a televisão manda
ou comprar um determinado estilo de vida para ser feliz.
Quando a mulher tira a roupa é
para dizer que ela pode. Ela está se empoderando, tomando para si o seu
destino. Sentindo na pele a sua autonomia. Gritando para os quatro ventos que não
se enquadra nos padrões atuais.
Fonte: Território de Maíra
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