Para fazerem valer suas propostas, os ruralistas se
escondem atrás do discurso da defesa da pequena propriedade, quando é de
clareza meridiana que o que está em jogo são os interesses do agronegócio
26/04/2012
Comissão Pastoral da Terra
A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra, CPT, diante da
aprovação pela Câmara dos Deputados, na noite de ontem, do assim chamado
Novo Código Florestal, quer se juntar ao coro de milhões de brasileiros para
manifestar sua indignação diante da imposição da vontade da bancada ruralista
sobre a nação brasileira, colocando em risco, como advertiram numerosos
cientistas, o próprio futuro do nosso país.
Na verdade é muito difícil entender como uma população rural que, segundo o
último censo de 2010, representa somente 16% do total da população brasileira,
esteja tão superrepresentada na Câmara dos Deputados, já que a Frente
Parlamentar da Agropecuária é composta, segundo seu próprio site, por 268
deputados, 52,24% dos 513 deputados eleitos. Para fazerem valer suas propostas,
os ruralistas se escondem atrás do discurso da defesa da pequena propriedade,
quando é de clareza meridiana que o que está em jogo são os interesses do
agronegócio, dos médios e grandes proprietários. Estes, segundo o Censo
Agropecuário de 2006, ocupam apenas 9,12% dos estabelecimentos rurais com mais
de 100 hectares e juntos somam 473.817 estabelecimentos que, no entanto, ocupam
78,58% do total das áreas.
Mesmo assim, a bancada ruralista e seus seguidores ainda ousam dizer que a
oposição ao que eles votaram vem de uma minoria de ambientalistas radicais.
Muito corretamente falou o professor titular de Economia da PUC de São Paulo,
Ladislau Dowbor: “É preciso resgatar a dimensão pública do Estado. O
Congresso tem a bancada das montadoras, a das empreiteiras, a dos produtores
rurais, mas não tem a bancada do cidadão!”.
A Comissão Pastoral da Terra espera que a presidenta Dilma honre a palavra
dada ainda na campanha eleitoral de não aceitar retrocessos na lei florestal,
comprometendo-se a vetar os pontos que representassem anistia para os
desmatadores ilegais e a redução de áreas de reserva legal e preservação
permanente. Espera que a presidenta não compactue com a imposição da bancada
ruralista e vete este texto. A natureza e o Brasil vão agradecer.
A Coordenação Nacional da CPT
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