Nos tempos idos, já era uma grande preocupação de João Saldanha, ilustre botafoguense e gremista, placas de publicidade em volta dos gramados, patrocínios estampados nas camisetas dos clubes e contrato em dólar. Ao ver a camiseta de seu clube com um patrocínio, clássica foi a frase do lendário presidente corintiano, Vicente Matheus: "venderam o Corinthians"?
Na medida em que as receitas e dívidas gigantescas dos clubes começaram a aumentar com as estampas publicitárias, a grande fonte de recursos a manter os clubes passaram a ser a venda dos direitos de transmissão televisiva, sem contar o painel publicitário que se tornaram as camisas dos clubes, com patrocínio nas mangas, cintura e até mesmo na bunda dos calções. A cada camiseta, calção e meião que adquirimos, fazemos propaganda sem ganhar nada por isso. Somos outdoores ambulantes que topam qualquer negócio para vestir o "manto sagrado".
Por ser o país do futebol, o que diferencia o Brasil dos demais países é que aqui não há dois, três ou quatro grandes clubes atrás de títulos, mas sim pelo menos os doze de Rio, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, sem contar que Bahia, Coritiba e Sport também já faturaram o caneco. Porém, com a instituição dos pontos corridos e a disparidade de recursos paga pelas desorganizações grobo bosta, o futebol brasileiro caminha para a própria morte.
Se o Clube dos 13 era/é ou não uma instituição idônea, é outro assunto. Independente disso, quando no ano passado os clubes se rebelaram contra ele e passaram a negociar individualmente seus direitos de TV com as desorganizações grobo bosta, deu-se o primeiro passo para a disparidade, uma vez que uns terão quantias oriundas dos direitos de TV maiores que os de outros. Logo, é mais dinheiro para contratar e pagar maiores salários a melhores jogadores, algo que não será possível a clubes que tiverem menor poder econômico. Se as coisas se mantiverem assim, se estabelecerá uma casta que mudará toda a ordem de forças do futebol brasileiro e fará com que pouquíssimos clubes protagonizem vitórias e títulos, em detrimento de inúmeros demais que apenas se prestarão ao papel de coadjuvante.
No que pese a fórmula dos pontos corridos ser mais justa, ela por outro lado deu um tiro no pé do futebol brasileiro, pois encareceu o orçamento de inúmeros clubes que no meio do campeonato já não tem mais interesse nenhum: não estão brigando pelo título, por vaga na Libertadores e nem para não serem rebaixados para a segunda divisão. Cumprem tabela, como se diz no futebolês. Porém, a disparidade de recursos entre eles é culpa deles mesmos, pois o modelo proposto pelo Clube dos 13, que seria comprado pela Rede TV!, dividiria igualmente entre os clubes as cotas de TV. Sabe-se lá por quais motivos, clubes que foram prejudicados com essa venda disparitária dos direitos televisivos a tudo aceitaram de forma subserviente. Resultado: Flamengo e Corinthians sempre terão mais dinheiro para contratar e seus jogos serão os mais transmitidos ao longo das 38 rodadas do campeonato. A íntima relação pública CBF - Andrés Sanchez, ex-presidente do Timão, não é mera coincidência.
O que se iniciará neste final de semana não é o Campeonato Brasileiro do futebol que mais conquistou Copas do Mundo, mas sim de uma emissora de TV golpista, veículo de comunicação oficial da ditadura militar, que atualmente manda e desmanda no futebol brasileiro e impõe sua casta antidesportiva através da compra dos direitos televisivos de clubes cujos dirigentes, salvo raríssimas exceções, sequer moveram uma palha para impedir o prejuízo das instituições que representam. Otário daquele que torce.
Fonte: Lucas Rafael Chianello, além da grande mídia.
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