Por Francisco Alves Filho
A disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro neste ano tem tudo para ser morna. Em busca da reeleição, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) vai reeditar a dobradinha com o governador Sérgio Cabral, correligionário e avalista político. O deputado federal Rodrigo Maia, um dos últimos moicanos no DEM e filho do ex-prefeito Cesar Maia, lançou-se em uma parceria esdrúxula.
Terá como vice Clarissa Garotinho, deputada estadual pelo PR e filha do ex-governador Anthony Garotinho. Maia e Clarissa podem ser considerados típicos filhinhos de papai, pois o “casamento” eleitoral só foi possível após os progenitores acertarem o dote.
Quem, talvez, possa representar uma brisa de novidade na disputa é a dupla de outsiders Marcelo Freixo e Marcelo Yuka. Freixo, do PSOL, conhecido na Assembleia Legislativa pela atuação contundente contra as milícias e a favor dos direitos humanos, manteve o princípio de seu partido de evitar coligações eleitorais. Em vez de um político profissional como ele, o deputado convidou Yuka, músico e compositor, ex-integrante da banda O Rappa. “Ele representa a minha aliança com a sociedade civil”, afirma Freixo.
Desde 1992, com Benedita da Silva, o carioca não via entre os concorrentes alguém de esquerda com algum patrimônio eleitoral: Freixo foi o segundo deputado estadual mais votado nas últimas eleições. A pauta do candidato do PSOL (na verdade, pré-candidato, embora sua indicação seja certa) tem tudo para dar algum tempero aos debates. Ele critica duramente os lucros excessivos dos empresários do ramo de transportes, a privatização do setor de saúde e a diminuição da ação governamental. “Na próxima votação, o Rio vai definir a história dos próximos 30 anos”, diz em referência às obras e projetos em andamento para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. “É talvez a cidade mais emblemática do mundo para definir se queremos ou não um espaço onde o prefeito é um mero síndico e quem manda são as megacorporações.” Formado em História, o deputado diz não ter a ilusão de tornar o Rio socialista em uma eleição municipal, mas acredita ser possível, ao menos, rediscutir o papel do Estado
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