quarta-feira, 24 de agosto de 2011

7 de Setembro: uma manifestação anti-cultural


O Mês de setembro se aproxima e com ele o grande espetáculo e representação da ordem e do patriotismo de nosso município, agentes e soldados aparecem nas escolas para o que será um longo e tortuoso caminho, os ensaios da marcha do 7 de setembro, uma verdadeira demonstração de que os resquícios da ditadura ainda está entrelaçada nas veias dos Governantes belacruzenses.
Alguns ideólogos do positivismo defendem a marcha como sinal de cultura, mas na realidade isso não tem muito haver com cultura e sim com um resgate e manutenção de uma época onde a liberdade de expressão e a verdadeira cultura eram caladas com cassetetes e gás de pimenta.
Para os desavisados, cultura são formas de viver de uma determinada região, seus costumes, sua língua, seu modo de vestir, sua alimentação, etc, tudo isso faz parte da cultura atual do local, a Marcha do 7 de setembro não passa de um resgate da época da ditadura, um resgate que acredito que nenhum de nós queremos lembrar, tirando claro a Prefeitura de Bela Cruz, que entra ano  e sai ano (entra governo e sai governo) e todos continuam com esta prática retrógada e anti-cultural.
Existem alguns mitos históricos no nosso país, começando é claro pelo nosso “descobrimento”, vamos imaginar a seguinte situação: vou na sua casa agora, digo a todos que descobri um novo lar e vou morar e explorar todos que residem nela, exijo que todos vistam, comam, falem,dançem exatamente igual a mim, sob pena de morte. Então? Gostou da idéia? Pois é, foi exatamente isso que aconteceu aqui a alguns anos.
Mas deixando esse assunto de lado, vamos lembrar da Independência do nosso País, segundo nossos livros de história (escrito por quem mesmo?) em 7 de Setembro de 1822 D. Pedro I as margens do rio Ipiranga, em cima de um cavalo branco, bradou: “Independência ou morte”. Começando pelo cavalo e terminando pelo grito, nada disso existiu, foi tudo manipulado em nome do heroísmo e da Pátria.
Como educador, acredito neste debate em sala de aula, fazer os alunos refletirem e criarem sua própria história, transformando a cada dia a realidade social em que vivem, colocando por terra todo diálogo de manutenção da ordem e do poder autocrático.
Enquanto todos os anos comemoramos nossa independência, ainda vivemos com observáveis resquícios da ditadura militar, prova isso é a insistência das escolas em levar nossos alunos a marchar nas ruas como verdadeiros soldados. Talvez a palavra “robôs” se encaixe mais nesse contexto. Claro é mais fácil formar robôs que cidadãos conscientes dos seus direitos e lutando por eles, pois “eles” querem formar máquinas para o capitalismo e não "vândalos conscientes", aliás, será que não seja esse o papel da educação atual?
Enquanto lemos orgulhosos na nossa LDB – “A educação tem o papel fundamental de formar cidadãos conscientes e críticos”, nossos governantes estão mais preocupados em criar escolas técnicas, formando assim mais massas de proletários para a construção desse império capitalista.
Não vejo em nenhum governo o interesse pelas disciplinas humanas e já que foram inseridas através de muitas lutas na educação, são ministradas por professores sem capacidades para o cargo, talvez propositalmente, pois pensar é a única coisa que “eles” não querem aos nossos alunos, pensar pode causar danos terríveis ao sistema instalado.
Voltando a nossa Independência brasileira, como podemos comemorar algo que não aconteceu, é o mesmo que comemorar o aniversário de uma criança que ainda está para nascer, sem nenhuma lógica. Enquanto nossos alunos e professores marcham ouvindo aquele som irritante de tambores, nossa educação continua a mesma da época da ditadura militar, aliás, não só a educação.

Como sou contra essa manifestação anti-cultural, com certeza não irei marchar e como não tenho a opção de pagar este dia com um debate bem construtivo na minha sala de aula, Será descontado alguns reais do meu salário, porém com minha consciência tranqüila de que não apoio essa política anti participação popular e convoco a todos a neste dia a fazer uma reflexão sobre nossos atos, ir a rua e defender nossos direitos é a verdadeira forma de cidadania e só assim construiremos um País realmente livre e Independente.            

Um comentário:

Augustus disse...

Não me esqueço das velhas e estúpidas ameças e subornos da diretora D: "Quem não for vai levar falta!"(em um dia de feriado?), "Quem for vai ganhar um ponto na media!"(e isso conta?)Não sou patrióta de uma mentira, de fráudes ideológicas de políticos hipócritas. A verdade é que não existe data mais FOLCLÓRICA em nosso país que o 7 de setembro, tem gente que ainda acha que ele cara deu mesmo aquele fictício grito sobre um cavalo ¬¬, pobres mentes ludibríadas por anos de lavagem cérebral.