Segundo a burguesia, a greve foi “política”. Isto é dito com grande alarde. Obviamente, porque, para a burguesia, os trabalhadores estão proibidos de fazer política e, como bons escravos, somente podem requerer melhorias parciais. A burguesia pretende que não cabe a uma organização de mais de 200 mil professores ter objetivos políticos.
Em sentido rigoroso, toda greve de funcionários de qualquer governo é política porque se dirige contra a política daquele governo, nesse caso, a sua política educacional.
O que Serra e a imprensa capitalista querem dizer, neste caso específico, é que a greve teria objetivos eleitorais, uma vez que é dirigida por um sindicato em que parte da diretoria é dirigida pelo PT.
Esta é uma completa falsificação da realidade cujo objetivo é apenas atacar a greve. Serra a e a burguesia sabem muito bem que a diretoria da APEOESP fez o impossível para evitar que a greve se transformasse em um prejuízo eleitoral para o ex-governador de S. Paulo. Uma greve verdadeiramente combativa teria provocado um enorme dano à candidatura do direitista PSDB.
A política da diretoria da APEOESP, porém, esteve voltada justamente para o oposto, ou seja, para preservar o governo Serra diante da revolta dos trabalhadores.
A manipulação dos fatos é superficial e procura esconder algumas coisas elementares. Em primeiro lugar, que nunca fez parte da política do PT conquistar resultados eleitorais através das greves. Na campanha eleitoral de Lula em 1989, a palavra de ordem da direção do partido era a de seria necessário parar as greves porque elas prejudicavam o partido... eleitoralmente.
Passados 20 anos, mais que nunca o PT depende do apoio de empresários e banqueiros para ganhar a eleição e explorar eleitoralmente a classe operária. Nesse sentido, utilizar a greve como arma eleitoral seria um verdadeiro suicídio para quem depende do apoio da burguesia para ganhar a eleição.
Em segundo lugar, o PT não se apóia sobre a luta dos trabalhadores contra o regime político e menos ainda vê positivamente a perspectiva de ampliação de lutas que podem conduzir á desestabilização do regime político. O PT é um partido do regime, que o defende e se apóia sobre ele contra as massas. Finalmente, a greve nada mais foi que um processo permanente de desestabilização da liderança da diretoria da APEOESP formada por PT e PSTU. A cada manifestação, esta diretoria perdia terreno dentro da própria categoria que pretendia comandar.
A intriga montada pela imprensa capitalista de que a greve seria eleitoral está em aberta contradição, portanto, com o fato de que quem mais trabalhou, primeiro para evitar e depois para encerrar a greve foi a própria diretoria da APEOESP.
Os trabalhadores devem defender o seu direito a realizar ações políticas de massa contra o governo. Querer que a classe trabalhadora só faça política através do voto, ou seja, que o seu único direito político seja o de escolher entre José Serra e Dilma, entre os irmãos siameses PT e PSDB, é exigir que a classe trabalhadora se comporte como escravos sem qualquer direito político.
materia retirada do site
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